Lulu Santos MPB

Lulu Santos

Não definido, NDF
Entre R$ 300-500K
Português
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Lulu Santos vê a vida melhor no futuro desde 1982, quando lançou seu disco de estreia, “Tempos modernos”, após alguns anos gravando em empregos em gravadoras, revistas, tocando guitarra e cantando onde fosse possível (sim, o grupo Vímana, por exemplo) e sonhando com o destino de ser star. Já com 27 anos, conseguiu com o amigo Liminha (à época o baixista dos Mutantes, e ainda não o principal produtor do rock brasileiro) uma vaguinha para gravar suas composições em um estúdio na Zona Norte carioca, às margens da linha do trem, nas sobras de horários de Gilberto Gil. A essa altura, Luiz Maurício Pragana dos Santos já tinha se apaixonado pelos Beatles, passado pelo rock progressivo e chegava ao poprocksambalanço que o tornaria a máquina de sucessos que é há cerca de 40 anos.

Se “Tempos modernos” não foi um estouro, garantiu a Lulu a possibilidade de, como disse o gerente de marketing da gravadora WEA na época, Heleno de Oliveira, “ser artista” e ter aquilo como opção profissional definitiva. Shows pelos subúrbios, Chacrinha, TV, rádio e muitos quilômetros percorridos o levaram a “O ritmo do momento” (1983) e “Tudo azul” (1984; sim, na época eram comum os discos anuais, principalmente para quem estava começando). A trinca inicial – cujas histórias, contadas pelo próprio, estão na coleção de vídeos “Auto resenha”, disponível no YouTube) – deu a Lulu uma coleção já respeitável de sucessos, como “Tempos modernos”, “De repente, Califórnia” (estourada inicialmente na versão de Ricardo Graça Melo, do filme “Menino do Rio”, de Antônio Calmon), “Adivinha o quê?”, “Como uma onda”, “Um certo alguém”, “Tudo azul”, “Certas coisas”, “Tão bem”… uma carteira de investimentos respeitável, cuja popularidade se aferiu no Rock in Rio de 1985, quando Lulu, aos 31 anos, se apresentou nas mesmas noites que nomes como Queen, Rod Stewart, Nina Hagen, Paralamas do Sucesso e Blitz, as de 13 e 18 de janeiro.

Ao iniciar a trilogia seguinte, com “Normal” (1985), Lulu já estava em outro patamar, assim como o rock brasileiro, que explodia no pós-ditadura militar. Mais experiente no estúdio (além de ter um orçamento maior à disposição) e à vontade na guitarra, lançou “Lulu” no ano seguinte e, no subsequente, “Toda forma de amor”, com um de seus maiores sucessos como faixa-título, além de “A cura” e “Satisfação”. A década de 1980 chegou ao fim com o disco ao vivo “Amor à arte” (gravado no Olympia, em São Paulo, em agosto de 1988 e lançado no ano seguinte) e com “Popsambalanço e outras levadas” (também de 1989), um sopro de ar fresco em que ritmos dançantes, percussões e quadris tomam conta das composições, quase todas de Lulu sozinho (apenas duas têm o frequente parceiro Nelson Motta, e uma, “Samba dos animais”, é assinada pelo mestre Jorge Mautner).

“Honolulu” (1990) e “Mondo Cane” (1992) fecham uma trinca de experimentação, mergulhos em sons diferentes e pérolas como “Papo cabeça” e “Samba em Berlim” (uma crônica da queda do muro na capital alemã), além de “Apenas mais uma de amor” (que explodiria com força total no “Acústico MTV”, anos depois) e “E então? (Boa pergunta)”. O Brasil atravessava o governo Collor, e o mar não estava para peixe.

O ano de 1994, além de consagrar Bebeto & Romário na Copa dos Estados Unidos, produziu outra dupla campeã: Lulu e o produtor Marcello Mansur, o Memê. A sensibilidade pop do compositor e as batidas disco-chiques do DJ levaram a “Assim caminha a Humanidade”, uma dançante arca do tesouro que vendeu como água ao reunir a faixa-título, “Tudo”, “Tuareg”, de Jorge Ben Jor, “Hey hey, my my”, de Neil Young e um Lulu Santos no auge da forma. Os ursinhos na capa do disco seguinte decretavam: “Eu e Memê, Memê e eu”, uma rave de dois parceiros no estúdio, levando a palavra “dançante” a níveis jamais experimentados, com Tim Maia (“Descobridor dos sete mares”, “Sossego”), Roberto & Erasmo (“Se você pensa”), novas versões de hits do próprio Lulu (“Casa”, “Tudo bem”) e outros petiscos. A festa não podia parar.

Por cima (mas bem lá no alto) da carne-seca rítmica e melódica, Lulu mergulhou nos ritmos eletrônicos e na magia do estúdio nos discos seguintes, “Anti ciclone tropical” (1996, ainda mais pro pop), “Liga lá” (1997) e “Calendário” (1999), os dois últimos cheios de beats e experimentações como “Nau dos insensatos” e “Hiperconectividade”, mas sem perder o feeling pop jamais. Os hits, inevitáveis, vieram, como “Sábado à noite” (também gravada pelo Cidade Negra), além de versões para sons referenciais como “Fé cega, faca amolada” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), “Ando meio desligado”, dos Mutantes e o próprio passado, em “Voo de coração”, sucesso de Richie, velho companheiro no Vímana nos anos 1970.

É claro que no meio da rave do fim da década, Lulu encontrou um tempo (e uma desculpa) para montar um trio de rock, o Jacaré, com Dunga (baixo) e Marcelo Costa (bateria), e fazer shows em teatros, em noites mágicas de covers mil e sucessos entortados (ou endireitados) pelo power trio.

Corta para os anos 2000.

Hora de uma repassada na carreira, que veio com o “Acústico MTV”, enfileirando hits e inéditas, como “Made in Brasil”: “Uh, passou de 2000/ Ninguém faz igual a brasileiro o rock do Brasil”. O sucesso veio aos borbotões, com justiça finalmente sendo feita para “Apenas mais uma de amor” e outras. Casa limpa, partiu novo milênio!

E partiu espaço sideral, no clipe de “Todo universo”, sucesso de “Programa”, disco cuja capa Lulu estampa exibindo orgulhosamente os cabelos grisalhos. Em gravidade zero num avião-laboratório da aeronáutica russa, em Moscou, ele canta, toca e dança enquanto, literalmente, flutua. Em 2003 veio o animadão “Bugalú”, com a sempre afiada produção de Memê e uma penca de sucessos: “Já é”, “Leite & mel”, “Jahu” (sim, o disco tem “Já é” e “Jahu”) e as recuperadas “Melô do amor” e “Raiô”. “Letra e música” (2005) volta a ter a guitarra como principal protagonista, em “Gambiarra”, no hilário “Bonobo blues” e nas versões para o clássico oitentista “Popstar”, dos Miquinhos, e “Ele falava nisso todo dia”, de Gilberto Gil. “Longplay” (2007) e “Singular” (2009) encerram a primeira década do novo milênio com cinco discos de carreira, sem contar os projetos.

Os anos 2010, aliás, começaram com Lulu por todos os lados: na TV, como técnico do “The Voice Brasil”, da TV Globo, ao lado de parças como Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e Iza. Lulu é o único técnico a estrelar as 11 temporadas do programa até 2022. Ele também singrou novos mares musicais: o disco “Lulu canta Roberto & Erasmo” foi seu primeiro trabalho totalmente dedicado à obra de outros compositores, em versões para clássicos da música brasileira como “Festa de arromba”, “Emoções” e “Se você pensa”. E surfando nessa mesma onda, o disco “Baby Baby!” (2018) celebra o pop da amiga Rita Lee com novas roupagens de seu cancioneiro autoral, como “Caso Sério”, “Ovelha Negra” e “Agora só Falta Você”. Finalizando a década com uma bela declaração de amor, o álbum “Pra Sempre” (2019) é o retrato de seu melhor momento de vida com Clebson.

Adentrando-se num ano de pandemia, Lulu torna-se independente e lança dois singles pelo seu próprio selo Pacho Sonido. “Hit” foi um reencontro em estúdio com o produtor Liminha e “Inocentes”, um convite à reflexão conjunta, com a doçura das harmonias vocais do grupo Melim. Em 2022, quando o mundo retornou às suas atividades normais, a turnê “Alô, Base” percorreu as principais cidades do Brasil.

Com 10 milhões de discos vendidos, os tempos modernos acompanham sua magnitude, totalizando mais de 1 bilhão de streams nas plataformas digitais de música e milhões de seguidores nas suas redes sociais.

“Barítono”, a nova turnê se inicia nos Estados Unidos, no mês que completa 70 anos, seguindo para os principais palcos do Brasil ao longo de 2023.

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Camila Tavarez Camila Tavarez Mentora / Excellence for Doctors

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